06 abril, 2005

Viagens: Uros – a vida em ilhas flutuantes


O junco totora, que cresce nas águas do Titicaca, a 3800 metros de altitude, é muito usado para cobrir o teto das casas feitas de adobe dos descendentes dos aymaras, que povoam as margens do lago, tanto da lado peruano quanto do boliviano. Mas em Uros – um arquipélago ao largo da cidade de peruana de Puno – o totora é mais, é a própria vida.

Pescadores, os habitantes de Uros vivem sobre ilhas flutuantes feitas de totora, um costume que vem de longe, de cerca de 2500 anos a.C. Situadas em uma região onde o lago tem de 35 a 40 metros de profundidade, as ilhas têm uns dois metros de espessura e precisam ser renovadas constantemente. De quinze em quinze dias é preciso colocar mais junco sobre a superfície, a medida que as camadas inferiores de totora apodrecem e afundam.

Além das ilhas, as casas e os barcos também são feitas de totora, embora, hoje, existam telhados de zinco e botes de madeira. Leva mais ou menos um mês para fazer uma balsa, como são chamados os barcos de junco. O trabalho é feito nas horas mais frescas do dia, para facilitar o manuseio do totora, que é tramado em rolos apertados com cordas. As balsas são manejadas por um remo à popa ou por um varejão, nas partes rasas do lago. Depois de uns dez meses, ao fim da vida útil, as balsas são agregadas as ilhas, para aumentá-las de tamanho.


Mais do que casa e meio de transporte, o totora também serve de alimento. A raiz é comestível e faz parte da dieta dos aimarás. Atualmente, o peixe anda escasso e o turismo é parte importante da sobrevivência em Uros. Barcos partem do porto de Puno levando turistas para conhecer as ilhas flutuantes e os moradores esperam por eles para vender artesanato, fazer passeios nas balsas de totora, posar para fotos – qualquer coisa que dê algum dinheiro e ajude a sobreviver às dificuldades do cotidiano no século XXI. (agosto 2001)

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