
Juliaca, perto do Lago Titicaca, no sul do Peru, vive sobre três rodas. O transporte coletivo é precário e, para se locomover pela cidade, a população apela para os tricitáxis. São curiosos triciclos movidos a pedal que lembram muito os riquixás do oriente. Têm assento para duas pessoas – mas vimos um levando sete, dois adultos e cinco crianças – coberto com um teto de lona. Carregam de tudo, de gente a carga: bacias, sacos de farinha, ovelhas, cachos de banana.


Todos os tricitaxistas com que conversamos eram donos dos veículos. E tiveram de dar duro para comprar o instrumento de trabalho. Cada triciclo – fabricado ali mesmo, em Juliaca - custa de 800 a 1000 soles. Outra dificuldade: não dá pra trabalhar todo o ano. Na época de chuvas, de abril a julho, muitos param. Alguns insistem e trabalham cobertos por plásticos.
Embora possam ser encontrados em outras cidades peruanas, Juliaca é a capital dos tricitáxis. Ninguém sabe ao certo quantos são, fala-se em 50 mil, quase um para cada quatro moradores da cidade. Com tal quantidade de triciclos nas ruas, dá pra imaginar a confusão no trânsito. Dirigir por Juliaca é um teste para qualquer motorista. Os tricitáxis surgem inesperadamente de todos os lados, se colocam no caminho do carro e buzinam, buzinam muito.

Além dos táxis movidos a pedal, Juliaca tem também triciclos adaptados de motos – parecidos com as antigas romisetas. Mas a concorrência não é com os mototáxis, os esforçados ciclistas disputam passageiros com as lotações, o meio de transporte coletivo mais comum no Peru. No trânsito, essa disputa se traduz em fechadas e outras manobras arriscadas feitas em conjunto pelos pilotos de tricitáxis – que combatem solidariamente o concorrente motorizado.
(agosto 2001)
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