12 abril, 2005

Viagens: Antofagasta, onde o Chile foi Bolívia



Antofagasta, espremida entre as montanhas e o mar, fica na região conquistada pelo Chile em 1879 na Guerra do Pacífico, que cortou a saída boliviana para o Pacífico e levou a fronteira chilena até o Peru.



O nome vem do quíchua e significaria Vila do Grande Salar. Nesta parte do país, o clima desértico domina, desde as altitudes da cordilheira até o nível do mar. A água é escassa e tem de ser trazida de uma distância de 400 km. É impossível plantar e quase todo abastecimento da cidade vem do sul, que é fértil.

A falta de frutos da terra é compensada pela abundância da vida no mar. Junto ao centro histórico de Antofagasta fica o mercado dos pescadores, que assombra pela fartura e diversidade. Nas bancas, os vendedores anunciam: cojinovas, dorados, albacoras, reynetas, cabrillas.



E muitos frutos do mar: luche , uma alga que se come com batatas; loco, um caracol vendido às claras, apesar de estarmos em plena época de resguardo; jaivas, caranguejos parecidos com siri; piure, um molusco rico em iodo que se come cru, temperado com cebola e limão. Também cru e temperado com limão é o cebiche, prato típico da região com peixes e mariscos.

Tudo pode ser comido ali mesmo no mercado, muito fresco e preparado na hora. Um mariscal sortido, mariscada variada, custa 2.500 pesos, menos de dez reais.

A economia da região gira em torno da mineração: fica aqui a maior mina de cobre a céu aberto do mundo, a de Chuquicamata, que ocupa uma área de 20 quilômetros quadrados. A mina está situada a 2800 metros de altitude, em pleno deserto de Atacama e é explorada pela Corporación Nacional de Cobre de Chile, empresa estatal que faz desde a extração até o refino do cobre. Chuquicamata é conhecida desde antes dos Incas, mas a exploração organizada só começou em 1882. A mineração em escala industrial data de 1915, pelas mãos de Guggenheim Bros., dos Estados Unidos. A mina pertence totalmente ao Chile desde 1972 e hoje produz 600 mil toneladas de cobre puro por ano, empregando mais de 8 mil pessoas. A jazida principal da mina é impressionante, uma cratera de 820 metros de profundidade circundada por degraus de vinte e cinco metros constantemente percorridos por 110 enormes caminhões de extração, capazes de transportar até 360 toneladas de minério.

A produção de Chuquicamata e de muitas outras minas da região é exportada através do Porto de Antofagasta e desce de trem das alturas do planalto até o nível do mar. A estrada de ferro que sai do porto segue em direção à Bolívia e chega ao Brasil em Corumbá, no Mato Grosso do Sul.

Os trilhos que cortam a cidade de Antofagasta estão ligados aos que atravessam o centro de Campo Grande, capital do estado. (agosto 2001)

Um comentário:

Anônimo disse...

obrigado amigo! ótimo post!

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